(Eu pretendo tentar escrever todos os domingos, pelo menos, se eu conseguir.)
Durante essa semana, como na maioria das semanas da minha vida, experimentei extremos emocionais. Senti esperança, desesperança, satisfação, insatisfação, animação e preguiça. E também ocilei entre calma e raiva, amor e indiferença.
Santo Agostinho define o conceito de "angústia" em suas Confissões. Segundo o autor, a angústia é causada pela distenção da alma pelo tempo. A alma que não se reencontra, não sabe de sí mesma e nunca está em paz. Ela não sabe o que é, apenas sabe que não é mais o que já foi, e também não sabe o que será.
A alma se destende pelo tempo e seria essa a angústia primordial de todos nós. Eu, por outro lado, fico me perguntando se não estaria fadada a uma angústia ainda maior uma alma presa a uma alegria sem fim, a uma satisfação infinita, a uma eterna euforia. Agostinho compara a angústia do tempo com uma hipotética felicidade atemporal que ele nunca viu, apenas imaginou.
Em outras palavras: se você acredita que essa vida é ruim, você deve estar comparando-a com outra melhor. Mas que outra? Qual outra vida existe, senão essa mesma? Essa que se distende pelo tempo, repleta de contradições? Que outro mundo há e que outra vida é essa que todos imaginam e ninguém nunca viu, mas que todos tanto aguardam?
Eu, se fosse a vida, não perderia meu tempo com quem se recusa a me aceitar como sou e me trocaria sem pensar duas vezes por algo que somente vive na imaginação.
Paeja
Há 4 meses