sábado, 23 de maio de 2009

A relação (de amor ou ódio) com o tempo.


Olá a todos!




Esse é o primeiro de vários contos/ crônicas que eu vou postar aqui, nesse espaço impróprio pra menores, maiores, letrados e, PRINCIPALMENTE, analfabetos. Tratam-se de meras ironias e metáforas sobre as pessoas, os ocorridos, os "devia ter ocorrido" e os "jamais devia ter acontecido" que fazem parte - imagino - não só da minha, mas da vida de todos nós. Qualquer semelhança com a vida real pode ser mera coincidência, como pode não ser. O que você pensou ter lido aqui, lembre-se, é única e exclusivamente produto da sua imaginação paranóica e maluca. Nunca culpa minha. Eu jamais escreveria - logo sobre você - aqui.

Esse não é espaço exclusivo de quem me conhece. Acho que as conclusões que tiramos sobre as personagens da nossa história servem a quaisquer pessoas, seja pra que elas se sintam espelhadas pela narrativa ou pra que percebam o quanto esse texto impróprio é distante da sua própria experiência vivida.

Hoje escrevo sobre quarto pessoas e suas respectivas relações com o tempo. Se essas pessoas existem ou não, não digo. Não digo que sejam apenas homens, como também não digo se elas estão ligadas umas as outras de alguma forma. Daí, óbvio, você já entendeu a lógica: elas existem e, pior, se conhecem e não são apenas homens, tem meninas na jogada. Não que eles sejam exatamente como vou escrever, mas me baseio em cada um deles pra escrever o que se segue.

As quatro pessoas são: o inocente; o escravo; o maluco e o hipócrita.



  1. O inocente sempre faz planos pro futuro. Diz que vai entrar na academia, que vai fazer uma viagem, que vai se tornar uma pessoa melhor. Tudo isso ainda vai acontecer, no futuro. O inocente tem uma imaginação fértil. Ele faz planos, confabula consigo mesmo, sonha acordado. Ele não raramente se pega fantasiando encontrar uma lâmpada mágica, da qual sairia um gênio, perguntaria quais seriam seus três desejos, e ele então lhe responderia: "Quero ser bonito, rico e feliz!". O inocente vive do futuro. Ele se alimenta, ao longo do tempo, de suas esperanças e sonhos - sem nunca tentar realizá-los. E, por isso, ele fica no mesmo lugar. Esse mesmo tempo, que passa sem parar, sempre se lembra de perguntar pelo inocente. A resposta é a mesma: "tá lá, naquele lugar de sempre".


  2. O escravo, como o nome sugere, é escravo do tempo. Ele está acorrentado ao passado. Não existe futuro para o escravo. Sua imaginação vive visitando o que já passou e acabou presa a isso. Ao invés de pensar no que vai fazer no futuro, o escravo sabe que seus problemas o seguirão, não importa onde ele vá. Aliás, o escravo já conhece seu futuro. Seu mundo todo é uma repetição de algo que já aconteceu antes. Quando uma nova mágoa surge, ele simplesmente diz: "Ah eh. Já me aconteceu antes. Foi igual daquela outra vez". É fácil identificar quando alguém adota a postura de escravo. Você já ouviu alguém próximo - talvez até você - dizendo: "Ah, pois é. Eles/ elas são todos(as) iguais". Cuidado! Isso é coisa de escravo. O escravo já não espera mais pelo príncipe encantado, como o faz o inocente. Ele já sofreu demais uma vez e já entendeu que todas as suas relações serão iguais. E se não forem, ele as fará ser, pra mostrar que tem razão.


  3. O maluco, por sua vez, ignora seu passado. Pra ele, são histórias divertidas sobre uma vida passada a serem contadas em um bar. E fora dele, já que ele as vive contando sóbrio. Pro maluco, tudo não passa de uma piada. Ele gosta de ver o circo pegar fogo, pra que tudo vire uma história divertida a ser contada logo depois. O maluco também não consegue mais fazer planos pro futuro. Ele está preso ao presente, apenas esperando a próxima anedota. Sem fazer planos, ele não consegue se prender a nada que possa ter futuro. Ao fazer piada de si mesmo e do que se passou, ele se esquece de quem ele é. Enfim, acaba perdendo a razão. Ele não faz planos, diz que o que passou passou e assim vai vivendo, como um maluco, sem esperanças. Se você disser o que eu escrevi pra ele, é claro, o maluco vai ficar negar, como todo bom louco nega sua loucura. Mas, é como dizem por ai: "melhor não contrariar".


  4. O hipócrita, deixado por último, se sente superior aos outros três. Ele já sofreu, claro. Já traíram sua confiança, óbvio. Mas ele seguiu em frente e descobriu que sua vida está segura, em perfeitas condições. Ele faz, inclusive, piada sobre seu passado. Ele aprendeu a planejar e a concretizar. Ele parece seguir junto ao tempo. Não fica nem atrás, nem na frente. Mas, como o nome sugere, o hipócrita não passa de um cretino. Um cretino que acredita nas próprias mentiras. Ele aprendeu a fingir que não está preso ao passado e a sonhar tão baixo que, assim, fica fácil concretizar. Na verdade, o hipócrita é o escravo que busca a liberdade pela mentira. Ele teme a verdadeira mudança e sempre fez de tudo para regular sua vida como fazemos a um relógio. Mas ele descobre, tarde demais, que agora está preso ao próprio "tic & tac", e anseia liberdade de sua criação. O hipócrita, na verdade, não esqueceu. Isso faz dele um escravo. Ele também faz planos que nunca vai concretizar, como um inocente. Mas, mais do que todos, ele acredita nas próprias mentiras. Isso faz dele um grande maluco, dentre todos os malucos.

Com qual você mais se identifica?


Tomara que nenhum dos quatro venha me perguntar: "Ow....aquilo lá é sobre mim?"


Eu confesso, pra quem acertar.

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